Rainha da Holanda conhece programa de educação financeira em Brasília
A rainha da Holanda, Máxima Zorreguieta Cerruti, se reuniu, nesta quarta-feira (7), com alunos do 5º ano do ensino fundamental e professores de uma escola pública, que participam, desde 2020, do Aprendiz Valor, programa de educação financeira da Banco Central (BC).
No pátio da escola, a rainha ouviu depoimentos de crianças sobre como elas e suas famílias gastam e economizam recursos, com base no que aprenderam em sala de aula. Máxima também participou de uma sessão de perguntas e respostas, na qual os alunos questionaram como a educação financeira pode protegê-los das dificuldades e possibilitar investimentos no futuro.
Em resposta, a Rainha falou sobre o papel dos alunos como multiplicadores de conhecimento sobre finanças. Ela destacou que o dinheiro economizado permite realizar desejos de compras, ter crédito e oferece segurança em caso de imprevistos.
“O maior desafio de todos é convencer você, que é o futuro, a ter essa inclusão financeira e economizar. Porque, quando você tem inclusão financeira, as compras acabam sendo fáceis. Mas é muito importante guardar dinheiro para o futuro poder, realmente, seguir sonhos no longo prazo”, disse Máxima.
Desde 2009, a Rainha é conselheira especial do Secretaria-Geral das Nações Unidas (ONU) para Financiamento Inclusivo para o Desenvolvimento, por meio da educação e da democratização bancária para melhorar a vida das pessoas. Máxima, que está pela segunda vez no Brasil, já visitou representantes de fintechs (empresas que introduzem inovações tecnológicas nos mercados financeiros), pequenas empresas comerciais. Ontem (6) ela foi recebido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Aprenda valor
Em 2020, o Learning Value começou como projeto piloto em seis estados e em menos de 500 escolas convidadas. Atualmente, quase 23 mil escolas participam do programa, distribuídas em mais de 3 mil municípios de todos os estados, mais o Distrito Federal. São escolas públicas rurais, urbanas, indígenas e quilombolas.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, acompanhou a visita da rainha à escola em Brasília. Campos Neto detalhou como o Learning Value tem sido aplicado. “Procuramos incentivar as crianças e os jovens a refletirem sobre as suas prioridades e a planearem o seu futuro, a curto, médio e longo prazo, para além de tomarem decisões informadas, compreenderem as vantagens de poupar e os prós e contras da utilização do crédito.”
As escolas da rede municipal e estadual de ensino que desejarem aderir ao programa podem consultar on-line os procedimentos para cadastro na plataforma digital.
democratização bancária
Na manhã de hoje, a rainha da Holanda também participou de reuniões na sede do Banco Central, em Brasília, para conhecer outras iniciativas brasileiras de inclusão financeira, como o sistema de pagamento instantâneo PIX e a finanças abertas (Compartilhamento autorizado de dados entre instituições financeiras).
brasileiros
Dados do World Bank Findex Reports 2021 sobre o Brasil, divulgados pela Secretaria Geral de Financiamento Inclusivo para o Desenvolvimento/ONU, mostraram que, em 2021, 84% dos adultos tinham conta em banco. Separados por sexo, naquele ano, 87% dos homens e 81% das mulheres tinham conta em banco no Brasil.
Entre os adultos, 46,2% tinham poupança. Destes, 25,4% mantinham poupança por meio de conta formal e 6,2% utilizavam modalidade semiformal, como poupança ou conta de terceiros.
Fora do sistema bancário, havia 27 milhões de adultos e 58,8% relataram empréstimos. Destes, 41,3% pediram dinheiro emprestado formalmente e 24,7% pediram dinheiro emprestado a familiares ou amigos.
O uso de meios de pagamento digitais aumentou para 76,5% dos adultos em 2021 – em 2017, o total era de 57,9%.
Contas em plataformas de dinheiro móvel (dinheiro móvel) saltou de 4,8% (2017) para 27% em 2021. Em geral, os usuários dessas contas têm acesso ao celular, mas não possuem conta em banco;
Outra pesquisa apresentada pelo secretariado da ONU foi sobre a Índice Brasileiro de Saúde Financeira (I-SFB – 2022), elaborado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com apoio técnico do BC, que apontou um nível relativamente baixo de saúde financeira entre os brasileiros, o que sugere que os adultos tendem a ter problemas para administrar os gastos do dia a dia; deixar de economizar para objetivos de longo prazo; têm resiliência financeira limitada e falta de confiança financeira sobre o futuro.
A pesquisa da Febraban mostra que, em 2022, 34,2% dos entrevistados gastaram mais do que ganharam; apenas 19,8% teriam condições de arcar com uma despesa grande e inesperada; e 56,4% afirmaram que as finanças são uma fonte de estresse na vida familiar.
Recomendações
Diante de tais dados, a secretaria da ONU propõe que os gestores públicos formulem políticas que priorizem a saúde financeira nacional; os provedores de serviços financeiros incentivam a inovação para melhorar a saúde monetária dos clientes, detectam sinais de alerta e apoiam os clientes com desafios relacionados ao dinheiro e promovem a concorrência e a inovação para um ecossistema financeiro digital responsável e uma infraestrutura que beneficia a todos, aumentando o alcance e a qualidade dos serviços financeiros .