Reforma tributária é “boa a caminho de ótima”, diz Haddad
A reforma tributária será “uma coisa boa a caminho de uma grande”, disse nesta quarta-feira (21) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o ministro, após a entrada em vigor da reforma – e tendo em mãos os resultados iniciais – será possível, ao longo dos anos, fazer atualizações rumo ao “mundo desejável” que seria a redução das alíquotas do imposto sobre o consumo.
A afirmação foi feita nesta terça-feira (21), durante o seminário Reforma Tributária: A Hora é Agora, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
“Dizem que o ótimo é inimigo do bom, mas existe o bom que é amigo do ótimo. O bem que é amigo do melhor é aquele que aponta para o melhor. Não há nada nessa reforma que nos impeça de melhorá-la no futuro próximo”, enfatizou Haddad.
O ministro disse ter ouvido muitos comentários sugerindo uma proposta de reforma tributária “mais radical”. Ele, porém, alerta que “os mais radicais não passariam”, pois há interesses que precisam ser contemplados.
“Temos que ter maturidade para apontar a direção certa, dada a relação de forças, e fazer o país avançar. Vocês verão que, naturalmente, no próximo período, poderemos ter uma discussão muito mais atenuada sobre a questão de quais outros passos podem ser dados”, argumentou.
No segundo momento, “quando a base for aumentada, quem sabe, pode ser possível, ao longo do tempo, reduzir as alíquotas do imposto de consumo, que seria o mundo desejável: reduzir as alíquotas sobre o consumo, independentemente da reforma ( incidentes) sobre a renda. Queda pelo fato de a base ter sido ampliada, permitindo um ritmo mais compatível com a experiência internacional”, acrescentou.
Um dos piores sistemas
“Perdemos muito tempo. O Brasil tem um dos piores sistemas tributários do mundo, e não é mais possível que governos ou contribuintes dependam do sistema atual. Sem a reforma, fica muito mais difícil administrar até a regra fiscal. O Brasil tem uma justiça que gasta 2% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Isso é quatro vezes mais do que o número 2 do mundo. Vejam só: 40% do custo do sistema judicial é contencioso tributário”, disse o ministro.
“Além do fato de que, toda vez que você abre uma exceção, o Judiciário vai interpretar essa exceção, e você não sabe onde vai parar essa exceção. Então, você não sabe das consequências dessa exceção no tempo, e o caos está instalado”, acrescentou.
Todo esse contexto acaba gerando insegurança para a tomada de decisões de investimento, “tanto do lado privado quanto do público, incluindo as áreas sociais”, acrescentou Haddad, reiterando que a reforma tributária é “um pressuposto para darmos um passo em direção à sustentabilidade fiscal de o país”.
Situação privilegiada, diz CNI
Na avaliação do presidente da CNI, Robson Andrade, nunca o Brasil teve uma “situação tão privilegiada” para fazer uma reforma tributária.
Para Andrade, independentemente dos vários setores que discutem privilégios ou questões, a discussão que o país precisa ter “não é setor por setor, mas o que é melhor para o país, que tem um problema de pobreza e entraves ao crescimento que têm sido presente por algum tempo. décadas”.
“Nós, empresários, não somos contribuintes. Somos contribuintes de impostos. Quem paga esses impostos são as pessoas. Queremos que todos paguem menos. Quem vai se beneficiar com isso é a população brasileira”, completou.