“Reforma tributária tem que ser agora”, defende Alckmin
O presidente em exercício da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, avaliou nesta terça-feira (20) que a janela de oportunidade para aprovação da reforma tributária é agora, e que o texto, a ser discutido na forma de aa emenda constitucional, deve ser discutida e aprovada ainda este ano.
“Acho que o presidente (da Câmara dos Deputados) Arthur Lira colocou bem, o debate está maduro e tem que ser agora, não pode faltar o primeiro ano (de mandato). A reforma constitucional, PEC, tem que ser no primeiro ano. perder o primeiro ano, você começa a ter dificuldades”, disse ele durante evento sobre reforma tributária e indústria, realizado em Brasília. Alckmin está no exercício da Presidência da República nesta semana, durante President Luiz Inacio Lula da Silva’s trip to Europe.
Segundo Alckmin, há disposição dos principais agentes políticos do país, incluindo o próprio presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os presidentes da Câmara e do Senado. Para o vice-presidente, uma reforma tributária que simplifique drasticamente a arrecadação reduzirá as disputas judiciais e tornará os produtos industrializados do país mais competitivos. “Se pegarmos a União Europeia, a discussão jurídica tributária é de 0,27% do PIB (Bruno Produto Interno). No Brasil, é quase 20%”, observou. Ele chamou o sistema tributário do país de “manicômio tributário”.
O presidente interino também defendeu medidas para desburocratizar os negócios e falou da necessidade do Mercosul ampliar os acordos comerciais. “O Mercosul só tem acordos com Israel e Egito, está muito isolado”, comentou. Alckmin ainda criticou a taxa de juros do país, que praticamente impede o Brasil de ser competitivo no exterior.
“Custo de capital. Se eu pago 10% de juros reais, e meu concorrente, os juros dele são negativos, como está hoje na União Européia e nos Estados Unidos, como vou competir?”, questionou.
Diretrizes de reforma
Há duas semanas, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da proposta na Câmara dos Deputados, divulgou o relatório do grupo de trabalho, coordenado por ele, que passou os últimos três meses discutindo a proposta de reforma tributária. Segundo Ribeiro, que não apresentou uma proposta, mas sim as orientações do grupo, a ideia é votar a primeira fase da reforma, que visa simplificar a tributação do consumo, na primeira semana de julho. O projeto substitutivo a ser apresentado unificará o duas propostas em matéria de paragens na Câmara e no Senado.
Uma das diretrizes apresentadas é a criação de um imposto geral sobre o consumo e outro sobre bens específicos nocivos à saúde e ao meio ambiente, em substituição ao IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS.
Esse novo imposto sobre o consumo deverá ter regime dual, dividido entre a União e os estados e municípios. A previsão é que haja uma alíquota padrão, permitindo variações para bens e serviços específicos.
O grupo também prevê uma dinheiro de voltaa restituição de parte dos impostos para famílias de baixa renda.
Outra medida é a criação de um fundo de fomento para reduzir as desigualdades regionais e incentivar a manutenção de empreendimentos em localidades menos desenvolvidas, que deixarão de se beneficiar dos impostos extintos.
O grupo também recomenda que, para o sistema financeiro, não haja redução da carga tributária. Também foi definida a manutenção dos regimes tributários previstos na constituição: Zona Franca de Manaus e Sistema Simples. Ainda será definida uma transição para o novo modelo envolvendo União, estados e municípios.
A discussão sobre a tributação da renda e do patrimônio será realizada separadamente, com previsão de ocorrer no segundo semestre, em mais um esforço da Câmara dos Deputados.