RJ estuda implantação da primeira fábrica de fertilizantes do estado
Pesquisadores da Embrapa Solos e da Embrapa Agrobiologia estudam com representantes do governo a viabilidade técnica da construção de uma fábrica de fertilizantes em Macaé, zona norte do Rio de Janeiro. A Prefeitura de Macaé, em parceria com o governo do Rio de Janeiro e com o apoio da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República, elaborou um projeto que está em fase de chamada pública para consultoria de contratação.
“Em três meses, o estudo de viabilidade técnica e socioambiental deve ficar pronto”, afirmou, em entrevista ao Agência Brassl, o assessor da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República, José Carlos Polidoro. A expectativa é que até o final do ano seja aprovado o plano do projeto, para que as obras possam começar no ano que vem.
O anúncio foi feito durante a passagem da Caravana Embrapa FertBrasil por Campos dos Goytacazes, na região, no último dia 22.
Polidoro destacou que o Plano Nacional de Adubos, criado em março do ano passado, é uma das prioridades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Uma das principais metas é reduzir a dependência externa, pois importamos 85% dos fertilizantes. E o Brasil não faz agricultura em nenhum nível sem fertilizantes.”
Segundo Polidoro, que é um dos fundadores da Caravana FertBrasil e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil precisa quadruplicar a produção de fertilizantes nos próximos 25 anos.
Ele destacou que a usina a ser construída em Macaé contribuirá com uma redução de até 10% na dependência externa de nitrogênio, já que o município é o maior produtor de gás natural do país, respondendo por 60% da produção nacional. O gás natural é a principal matéria-prima dos fertilizantes nitrogenados.
O assessor informou que uma fábrica de fertilizantes nitrogenados demanda investimentos entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões e gera 5 mil empregos diretos e indiretos na fase de construção. Quando em operação, gera entre 500 e 600 empregos que exigem alta qualificação e oferecem bons salários. “É uma indústria que tem uma vida longa. Tendo gás, vai produzir fertilizantes lá por mais de 50 anos.”
A infraestrutura
The mayor of Macaé, Welberth Rezende, told the Agência Brasil que a construção de fábricas de fertilizantes é uma solução estratégica para o país e para o desenvolvimento da agricultura nacional. Para Rezende, Macaé reúne todas as condições necessárias para a instalação de uma fábrica semelhante.
Além da produção de gás natural, o município possui organização industrial, devido ao petróleo e gás da região, além de mão de obra qualificada. A cidade também traz vantagens em termos logísticos, pois está localizada próxima às principais rodovias do país, tem projeto de construção de um porto, além do aeroporto local com voos diários para o Rio de Janeiro e São Paulo.
“Além de ter fatores prioritários como logística, mão de obra qualificada, gás natural, que é matéria-prima importante para a fabricação de fertilizantes, ainda conta com infraestrutura secundária, no que diz respeito à saúde, educação, esgoto tratado, respeito ao meio ambiente que também são importantes para a tomada de decisões.”
Segundo o prefeito, Macaé pretende sediar uma das fábricas previstas no Plano Nacional de Fertilizantes. Será a primeira fábrica do gênero no estado do Rio de Janeiro, para o qual a área de fertilizantes é uma das prioridades do atual governo fluminense.
Petrobras
José Carlos Polidoro explicou que a Petrobras, em 2016, interrompeu a produção de duas fábricas de fertilizantes na Região Nordeste. Em 2018, arrendou as fábricas a uma empresa privada, cuja produção foi retomada este ano, e contribuem com mais de 15% da produção nacional.
No Mato Grosso do Sul, a Petrobras estuda a melhor forma de concluir a construção de uma nova fábrica de fertilizantes, que já está com 83% da obra concluída. Será mais uma fábrica em produção no Brasil. “As decisões estão sendo tomadas no âmbito do novo governo.”
Localizada no Paraná, outra fábrica está “hibernada”, ou seja, com a produção paralisada. Segundo Polidoro, esta unidade e a fábrica em construção no Mato Grosso do Sul estavam em processo de venda, que foi cancelado pela Petrobras. “Agora, estamos analisando como a Petrobras vai reiniciar a produção no Paraná e finalizar a obra no Mato Grosso do Sul.”
O modelo de negócio está sendo estudado pela Petrobras e pelo Ministério de Minas e Energia.
Segundo o assessor, no caso do nitrogênio, o Brasil passaria de 92% importador para cerca de 60% a 65%, o que significa uma queda de um terço na dependência externa.
“Ele tira o Brasil do risco de ficar sem fertilizante no mundo e no Brasil. Produzir de 30% a 40% já dá segurança para passar por esses suspiros e solavancos internacionais”. Em relação ao potássio, o Brasil importa 96% do que consome. “É ainda mais crítico.”
Segundo Polidoro, o potássio é um dos fertilizantes mais utilizados na agricultura e a fábrica da privada Mosaic Fertilizantes, em Sergipe, pretende ampliar a produção até 2030, o que dará um pequeno alívio à dependência. Há também projetos no Amazonas, que ainda estão em estudo de viabilidade ambiental e social, devido a questões indígenas.
No caso do fósforo, a situação é mais tranquila. O Brasil importa cerca de 70% e pode cair para menos de 50% com investimentos, devido à existência de muito fósforo no país. Os projetos relacionados ao fósforo também possuem questões sociais, por se tratar de uma atividade de mineração, que causa impacto.
“Tudo tem que ser feito com muito cuidado. Assim, foi criado o Plano Nacional de Adubos. Também foi criado o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição Vegetal (Confert), cuja função é ordenar e criar uma governança longa e forte para o desenvolvimento econômico sustentável. Com o fortalecimento e aprimoramento do plano nacional, a perspectiva é tornar o Brasil seguro para a produção agrícola desses insumos.”