Tebet descarta discussão sobre mudança da meta de inflação em 2023

Tebet descarta discussão sobre mudança da meta de inflação em 2023

Uma possível mudança na meta de inflação para este ano não está em discussão pelo governo, disse nesta segunda-feira (27) a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Em evento promovido pela consultoria Arko Advice, em São Paulo, ela também afirmou que a nova regra fiscal que substituirá o teto de gastos não terá exceções, mas informou que os próprios parâmetros permitirão alguma flexibilidade em situações imprevistas, como pandemias.
Na quinta-feira (30), o Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e do presidente do Banco Central, realiza sua segunda reunião do ano. No atual regime, cabe ao CMN definir a meta oficial de inflação, fixada em 3,25% para 2023, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, e em 3% para 2024 e 2025, com o mesmo margem.

“Em relação à meta de inflação, os parâmetros, se vamos mudar ou não, isso não é problema do governo. Pelo menos um não assunto no Ministério da Fazenda e no Ministério do Planejamento e Orçamento. E é um não-sujeito não só porque não posso dizer isso. Não é uma questão porque o ministro Haddad e eu entendemos que essa é uma questão que não está na mesa”, disse Tebet.

A ministra declarou que houve uma conversa sobre o assunto entre ela, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no início do ano. Segundo Tebet, o assunto não foi mais abordado e há dúvidas se uma mudança na meta resultaria em melhora das expectativas econômicas e queda da taxa Selic (juros básicos da economia), hoje em 13,75% ao ano.

“Ah, mas no meio do ano é a data (da reunião do CMN que define a meta). Não estamos debatendo, temos até dúvidas se a mudança da meta vai gerar o resultado que queremos, que é reduzir a inflação para que possamos ter uma queda na taxa de juros”, justificou o ministro.

Em junho de cada ano, o CMN estabelece a meta para daqui a três anos, podendo rever a meta para o ano corrente e os dois anos seguintes.

estrutura

Em entrevista após o evento, Tebet esclareceu dúvidas sobre a nova regra fiscal que substituirá o teto de gastos. Segundo ela, o novo quadro não trará exceções permanentes, mas os próprios parâmetros permitirão alguma flexibilidade nos gastos em caso de imprevistos, como pandemias e situações de calamidade.

“Não está no framework, nem no modelo, nem nos parâmetros, criar exceções. Não estamos falando de exceção, porque, quando você fala em exceção, você manda uma exceção ao Congresso Nacional e eles transformam dez em decisão política e legítima de deputados e senadores. Nós não queremos isso. É uma estrutura simples, portanto, fácil de entender. É flexível, então você tem parâmetros em casos excepcionais, em problemas muito graves”, afirmou Tebet.

saúde e educação

Sobre os gastos com saúde e educação, Tebet esclareceu que o novo quadro fiscal deve permitir um pouco mais de gastos nessas áreas, desde que os gastos não cresçam mais que a receita.

“Neste caso, não estamos falando em tornar nenhum gasto excepcional, mas em olhar especificamente para a saúde e a educação.”

Na semana passada, o ministro Haddad informou que o novo quadro fiscal terá um mecanismo de transição para reiniciar a queda nos gastos com saúde e educação após a criação do teto de gastos.

Antes do teto de gastos, os valores eram definidos de acordo com a receita corrente líquida do governo federal. Após o teto, os limites mínimos para saúde e educação passaram a ser reajustados anualmente pela inflação de acordo com o valor praticado em 2016.

O governo entende que, como a nova regra fiscal anulará o teto de gastos, conforme previsto na emenda constitucional da Transição, voltará a vigorar a regra que vigorava até o final de 2016.

Foto de © José Cruz/ Agência Brasil
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