Tebet: Educação e Saúde sairão do bloqueio orçamentário

Tebet: Educação e Saúde sairão do bloqueio orçamentário

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira (29) que os ministérios da Educação e da Saúde, além de “pastas menores” com orçamentos reduzidos, não serão contemplados pelo bloqueio orçamentário da R$ 1,7 bilhão que o governo deve anunciar essa semana.
A necessidade de bloquear as despesas discricionárias no Orçamento da União é para cumprir a regra do teto de gastos, após revisão no volume de despesas que teve aumento projetado de R$ 24,2 bilhões, segundo Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas , documento que orienta a execução do Orçamento e é publicado bimestralmente.

“O JEO (Conselho de Execução Orçamentária) já se reuniu, fechamos a questão em relação a isso. Só posso informar que os ministérios menores, com orçamentos menores, e Educação e Saúde, serão preservados”, informou Tebet após sair de encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O JEO é composto pelos Ministérios da Fazenda, Casa Civil, Planejamento e Gestão. O chefe do Ministério do Planejamento ponderou, porém, que esse bloqueio é temporário e pode ser revertido nos próximos meses. Além disso, como atingirá pastas com orçamentos maiores, não há risco imediato de descontinuidade das políticas públicas.

“É um bloqueio temporário, isso é contabilidade. Você bloqueia, com o aumento da receita, no próximo relatório você pode desbloquear. Como as maiores pastas, os maiores orçamentos, não vão atrapalhar a execução, a continuidade das políticas públicas”.

De acordo com o último relatório de avaliação de receitas e despesas, os últimos meses foram de aumento das despesas, impulsionadas principalmente pelo impacto do novo salário mínimo, que subiu para R$ 1.320 desde 1º de maio, afetando benefícios previdenciários, seguro-desemprego, subsídio, entre outros.

Também foram R$ 3,9 bilhões em repasses a estados e municípios a partir da sanção da Lei Paulo Gustavo, que destinou recursos ao setor cultural, além de complementar o piso nacional de enfermagem. Esses bloqueios podem ser revertidos posteriormente com alterações nas estimativas de receitas e despesas.

Esses números reverteram a quebra de R$ 13,6 bilhões no teto de gastos que havia sido apresentada no relatório anterior. A regra do teto deve ser substituída por uma nova regra tributária, que será votada nesta semana na Câmara dos Deputados.

O teto quebraria este ano, mas a PEC de Transição, sancionada no final do ano passado, retirou R$ 145 bilhões do limite de gastos do Bolsa Família e até R$ 23 bilhões de investimentos, caso haja excesso de arrecadação.

O governo também elevou o déficit primário estimado de R$ 107,6 bilhões para R$ 136,2 bilhões, o equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), segundo a edição do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do o 2º bimestre. A meta fiscal para 2023 continua sendo um déficit primário de R$ 238 bilhões (2,2% do PIB).

marco fiscal

Simone Tebet informou ainda que na próxima quinta-feira (1º), ela e Haddad participarão de reunião com lideranças partidárias do Senado Federal, a convite do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir a tramitação, na Câmara, do projeto lei complementar do novo marco fiscal (PLP 93/2023), aprovada na última quarta-feira (24) pela Câmara dos Deputados.

“Fiquei oito anos no Senado, a Câmara praticamente nunca foi renovada, dois terços continuam senadores, um terço dos que foram às urnas, muitos voltaram. Tenho uma boa relação com as lideranças, com o próprio presidente do Senado, temos uma bancada grande, que é a bancada do MDB, que está com a gente, agrega nessa agenda econômica”, disse ao ministro sobre as articulações para o aprovação da medida.

O texto prevê um conjunto de medidas, regras e parâmetros para a condução da política fiscal do Estado brasileiro, com controle das despesas e receitas do país. Os objetivos são garantir credibilidade e previsibilidade para a economia brasileira, bem como para o financiamento de serviços públicos como saúde, educação e segurança pública. O quadro fiscal substituirá a regra do teto de gastos, vigente desde 2016, que limitava o aumento das despesas apenas à correção da inflação do ano anterior.

O projeto do novo arcabouço fiscal poderá ser votado diretamente no plenário do Senado. No entanto, a tramitação do PL ainda está sendo debatida com lideranças partidárias na Câmara. Alguns parlamentares pedem que o assunto seja discutido nas comissões legislativas, antes de seguir para votação no plenário. As sugestões devem ser analisadas pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) ou, ainda, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ambas do Senado.

Tebet disse não ver problemas com a tramitação prévia do CAE e destacou que o Senado tem maturidade política para analisar o projeto rapidamente. “Normalmente, os projetos dos últimos governos, quando tinham impacto financeiro e orçamentário, fazia-se uma reunião no CAE mesmo que fosse no mesmo dia para o plenário. O Senado está maduro, tem menos parlamentares, é mais fácil conversar, dialogar e chegar a um acordo”.

Reestruturação de ministérios

O ministro do Planejamento também foi questionado por jornalistas sobre possibilidades de reversão da reestruturação de ministérios feita por parlamentares. Na noite da última quarta-feira (24), a Comissão Mista do Congresso Nacional aprovou o relatório do deputado Isnaldo Bulhões Jr (MDB-AL) sobre a estrutura de governo, previsto na Medida Provisória 1.154/2023, que trata da organização dos ministérios definido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023. O relatório prevê o afastamento de diversas funções do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) e também do Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

As mudanças foram alvo de críticas das ministras Sônia Guajajara (MPI) e Marina Silva (MMA), além de diversas entidades da sociedade civil. O relatório, no entanto, ainda precisará ser apreciado pelos plenários da Câmara e do Senado.

“Foi um relatório, que foi aprovado, mas ainda não é definitivo, vamos entender que o plenário ainda vai aprovar. Conheço o dirigente (do MDB) Isnaldo (Bulhões), ele é um homem de diálogo, creio que ele foi, na reportagem dele, na medida do possível para transacionar, conversar e aprovar o texto. Isso não quer dizer que o texto aprovado na comissão seja o texto que será definitivamente aprovado no plenário. Vai depender da articulação política a ser feita”, opinou Tebet.

Foto de © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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