Trabalhadores pedem juros menores para produzir alimentos no Brasil

Trabalhadores pedem juros menores para produzir alimentos no Brasil
Trabalhadores pedem juros menores para produzir alimentos no Brasil

No lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024 para o Nordeste, nesta segunda-feira (17), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) pediu a redução das taxas de juros para financiar a produção de alimentos no país. Atualmente, os juros são de 4% ao ano para empréstimos voltados à produção de pequenas unidades produtivas, a chamada agricultura familiar.
O presidente da Contag, Aristides Santos, elogiou os avanços do atual plano, que aumentou em 34%, em relação à safra anterior, o total de recursos destinados ao crédito para o setor, fixado em R$ 71,6 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento Agricultura Familiar (Pronaf) de 2023/2024. No entanto, para o representante dos trabalhadores rurais, é preciso reduzir os juros.

“(Presidente) Lula toda vez que me encontra ele fala ‘fale com os fazendeiros liderados pela Contag para produzir mais feijão, mais arroz’. E eu disse a ele antes do plano: aprova o jeito que a Contag propôs que a gente vai ter mais feijão e mais arroz. Agora, com 4% para plantar arroz e feijão, é possível que não alcancemos as metas e o sonho que o presidente Lula almeja”, afirmou Santos.

A Contag pedia juros de 2% ao ano para a produção de alimentos como arroz, feijão, mandioca, tomate, leite e ovos, entre outros. O Plano Safra da Agricultura Familiar lançado no final de junho deste ano pelo governo federal reduziu os juros do programa de 5% para 4% ao ano.

Para o presidente da Contag, é possível baixar ainda mais os juros nesta safra, “só conversar um pouco melhor lá na Fazenda”, ponderou Aristides, para quem a redução da taxa básica de juros pelo Banco Central é questão de tempo. “O Banco Central não resistirá às pressões dos setores produtivos do Brasil”, afirmou.

Presente no lançamento do programa no Nordeste, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ponderou que a taxa Selic de 13,75% ao ano mantida pelo Banco Central restringe a liberação de mais recursos.

“Queremos voltar a produzir muito mais arroz, feijão, mandioca, alface, verduras e frutas no Brasil para colocar na mesa do povo brasileiro. Portanto, nosso pedido ao presidente do Banco Central: pare de negar a realidade e baixe os juros no Brasil! Porque se ele baixar os juros no Brasil em agosto, vamos disponibilizar muito mais recursos para a agricultura familiar”, disse Teixeira.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, acrescentou que os juros são de 0,5% ao ano para o Pronaf B do Nordeste, linha de crédito que atende microprodutores. O governo aumentou, neste Plano Safra, o limite da renda bruta anual do agricultor com direito a esses recursos de R$ 23 mil para R$ 40 mil. O teto de financiamento do Pronaf B passou de R$ 6 mil para R$ 10 mil por unidade de produção. A Contag havia pedido um limite de R$ 30 mil para o financiamento do Pronaf B.

Assistência técnica

A Contag também pediu mais recursos para assistência técnica que, segundo a entidade, é insuficiente. “Sem maiores recursos, não conseguiremos fazer o crédito direcionado e dar o suporte que o agricultor familiar precisa”, afirmou Aristides Santos. O governo federal destinou R$ 200 milhões para assistência técnica e extensão rural para a safra 2023/2024, valor considerado insuficiente pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura.

O secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Moisés Braz, informou que 80% dos agricultores do estado ainda não têm assistência técnica “efetiva e passível de acompanhamento”. Outro problema apontado pelo secretário é a falta de mecanização da agricultura familiar no Nordeste. “Enquanto a grande maioria dos produtores e agricultores familiares do Sul tem mecanização agrícola, ainda trabalhamos com a foice e a enxada”, afirmou o secretário cearense.

Para aumentar os recursos de assistência técnica à agricultura familiar, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, sugeriu a criação de um fundo financiado pelo Imposto Territorial Rural, incidente sobre as propriedades rurais do país. Sobre a mecanização da agricultura familiar, Teixeira informou que estão sendo tomadas medidas para aumentar o uso de equipamentos na produção de alimentos. “Chamamos universidades, institutos federais e a Embrapa para desenvolver equipamentos mais próximos da agricultura familiar”, disse Teixeira.

Ao final de seu discurso durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar do Nordeste, o ministro prometeu aprimorar o programa. “Imagino que seja o começo. Todas as dificuldades que queremos enfrentar juntos. Mas o chamado para você é: pegue esse crédito, retome essa possibilidade e continue fomentando essa força da agricultura familiar”, finalizou Paulo Teixeira.

O governo federal estima que o Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024 deve beneficiar 1 milhão de agricultores nordestinos.

Foto de © EMBRAPA/Divulgação
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