Varejo nacional deve faturar R$ 2,49 bilhões na Páscoa, projeta CNC
O comércio varejista brasileiro deve faturar R$ 2,49 bilhões na Páscoa deste ano, um aumento de 2,8% em relação ao mesmo período de 2022, já descontada a inflação. O resultado, porém, ficará 2,7% abaixo do registrado em 2019, que chegou a R$ 2,56 bilhões. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante no calendário do varejo.
“Essa data comemorativa deve ficar aquém do patamar de vendas de 2019. E, basicamente, há dois motivos para isso”, afirmou, nesta quarta-feira (29), ao Agência Brasil CNC economist Fabio Bentes.
A primeira razão é o comportamento dos preços, com o aumento da inflação. “Os preços dos alimentos subiram muito e itens específicos de Páscoa devem ter um aumento de 8%. Se esse reajuste se confirmar, será o maior aumento desde 2016”, informou. Naquele ano, os preços da cesta de produtos de Páscoa aumentaram 10,3%.
O segundo fator para o faturamento do setor ser inferior ao de 2019 é que a Páscoa não é uma data comemorativa com tanto apelo quanto o Natal, o Dia das Mães e a Black Friday, disse Bentes. Além disso, o consumidor deve ser um pouco mais cauteloso.
“A data se insere no contexto de recuperação econômica, mas não consegue atingir as receitas pré-pandemia devido às mudanças de preços nos últimos meses e, especificamente, dos preços dos alimentos na Páscoa”, explicou.
Por estado, altas vendas são esperadas em Santa Catarina (7,9%), Ceará (7%) e Espírito Santo (6,8%). Os maiores volumes de vendas devem se concentrar em São Paulo (R$ 977,02 milhões), Minas Gerais (R$ 273,11 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 243,99 milhões), que juntos responderão por 60% do volume financeiro gerado para a data .
Importar
Outro indicador de que os varejistas estão apostando em uma Páscoa moderada neste ano é que as importações de chocolate, embora tenham crescido 6,5% em relação a 2022, totalizando 2,76 mil toneladas, não conseguiram igualar as compras de 2020, que somaram três mil toneladas.
Em relação a outro produto típico da época – o bacalhau -, o CNC registrou queda de 32,7% na quantidade importada antes da Páscoa do ano passado, totalizando 3,69 toneladas contra 5,48 toneladas em 2022.
Os números foram tabulados pela entidade de acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com relação ao bacalhau, cujo quilo é bem mais caro que o dos chocolates, os varejistas perceberam que o consumidor não tem o bolso muito cheio e, por isso, não investiu muito na importação do produto.
“Foi a menor importação de bacalhau desde 2020, que foi a primeira Páscoa atípica para o comércio. Esse movimento de importações do varejo é uma leitura que o comércio faz da intenção de consumo das famílias. Neste ponto, não há espaço para gastar muito fora do orçamento. As taxas de juros são altas. A economia não está crescendo tanto. Apesar de ter fechado o ano passado com um crescimento de quase 3%, percebe-se uma desaceleração da economia e o varejo não quis encalhe com esse produto com grande importação de bacalhau”, destacou Bentes.
A estrada
A cesta de bens e serviços para a Páscoa, composta por oito itens, revela que praticamente todos os produtos estarão mais caros. Em média, o aumento será de 8,1%, superando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de 5,5%. Bolos e chocolates apresentam tendência de alta de 15,9% e 13,9% em relação a 2022.
Consumo no Rio
No Rio de Janeiro, 65% dos lojistas estimam um aumento de 2,5% nas vendas para a Páscoa, enquanto 27% estimam crescimento de 4% e 8%. A data é considerada natalina para as lojas especializadas em chocolate e passou a ter um novo sabor para o varejo, não se restringindo a ovos de chocolate e caixas de bombons. É o que mostra pesquisa do Clube dos Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do Sindicato dos Lojistas do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio), que ouviu 350 lojistas da cidade.
A pesquisa também aponta que 20% dos lojistas contrataram trabalhadores temporários para a Páscoa. Destes, 10% afirmaram que pretendem contratar após a data comemorativa, mas isso depende do comportamento das vendas.
Estudo do Instituto de Pesquisa e Análise Fecomércio (IFec RJ) – realizado nos dias 17, 20 e 21 deste mês com 800 consumidores cariocas – revela que 69,5% dos entrevistados pretendem dar presentes na Páscoa, 27,5% não devem comprar qualquer coisa e 3% ainda não se decidiram.
Segundo o levantamento, o repasse financeiro para a cidade do Rio é estimado em R$ 408 milhões, com gasto médio de R$ 106 na compra de brindes. O ovo de Páscoa ocupa o primeiro lugar entre as opções para os consumidores que querem presenteá-lo, com 59,6%, seguido do bombom (37,8%) e do chocolate em barra (24,1%).
Dos entrevistados, 86,9% disseram que pretendem comprar presentes em lojas físicas, 7,9% em lojas virtuais e 4,5% em ambas. Os consumidores que não querem dar presentes nesta Páscoa apontaram, entre os principais motivos para isso, o fato de não ter para quem presentear, não ter o hábito de comemorar a Páscoa e a falta de dinheiro.