Voto de qualidade no Carf garantiu R$ 196,3 bilhões para a União entre 2017 e 2020, aponta Insper
O Carf é um conselho colegiado que, ao closing, julga as disputas tributárias entre os contribuintes e a União. Até 2020, quando a votação de um curso resultou em empate, cabia ao presidente do grupo – um consultor da Fazenda – interromper o empate dentro do julgamento, o chamado voto de qualidade. No entanto, o Congresso Nacional aprovou um regulamento que decidiu que, em caso de empate, a vitória deveria ir para o contribuinte, ou seja, a pessoa física ou jurídica interessada no processo.
No início deste ano, o governo Lula editou uma medida provisória que restabeleceu o voto de qualidade. A escolha gerou críticas do setor produtivo, especialistas e parlamentares, pois, com a volta do voto de desempate do consultor do Tesouro, teme-se que as escolhas comecem a pender para o Fisco, pois a pesquisa revelado pelo Insper aponta.
O especialista tributário Mateus Ribeiro, coordenador tributário da Macedo & Andrade, diz que a complexidade do sistema tributário onera as empresas brasileiras com mais de R$ 180 bilhões em 12 meses, o que contribui para o aumento de litígios tributários. Ele diz que, em um contexto de fragilidade das contas públicas, o voto de qualidade pode ferir a imparcialidade dos julgamentos do CARF. “Estamos passando por uma situação de calamidade fiscal e isso, infelizmente, tem levado os juízes a uma atração que, em vez de julgar de acordo com os princípios da regulamentação, eles escolhem de acordo com as diretrizes políticas, com o objetivo de aumentar a receita e também foram impostas diretrizes completamente diferentes para condições comparáveis, que favorecem o Tesouro e não o contribuinte.”
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) acredita que a retomada do voto de qualidade prejudicará o contribuinte. Ele é o criador de uma modificação que requer o voto de qualidade no Carf. “O grande perdedor é o contribuinte. É muito provável que esse voto de desempate beneficie o governo federal e não o contribuinte. Portanto, desejo manter a probabilidade de que os beneficiários sejam os contribuintes.”
Em resposta ao parlamentar, o fato de o governo ter introduzido a MP como parte de um pacote que visa ampliar a receita federal significa que o Carf pode se tornar parcial.
“O governo federal está furioso. Esse tipo de cobertura é prejudicial à sociedade. Vejo essa perversão atingindo o que devem ser estabelecimentos isentos para a estabilização de nossa nação. Empresas reguladoras e CARF geralmente não são entidades de custo, alta qualidade. Eles devem fornecer recomendações e resolver algumas disputas. Agora temos que tirar essa motivação de ser mais um corpo acumulador que também pode funcionar como uma alavanca política dentro dos setores do sistema financeiro”, critica.
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Com informações de Brasil 61